Descrição para cegos: imagem foca numa parte de uma calça parcialmente molhada. |
Tereza
Figueiredo
Uma
mulher deve poder circular livremente, sem que seja assediada,
independentemente dos trajes que vista. Infelizmente, esta realidade
ainda parece estar distante em nosso país e um exemplo disto é o
que ocorreu há algumas semanas, quando uma jornalista, ao descer do metrô,
notou sua calça molhada de ejaculação de outro passageiro.
O
modo como uma mulher se veste, ou o comportamento que adota, ou ainda
sua beleza, são atributos seus e devem ser respeitados, pois fazem
parte de sua privacidade, de seu íntimo. Mulheres não são produtos
“à mostra”, tampouco se portam para satisfazer ao imaginário
masculino.
O
mais vergonhoso, entretanto, é a postura adotada pela sociedade em
relação à vítima: total normalidade. O funcionário do metrô,
procurado pela jornalista na tentativa de localizar o suspeito pelo
fato, desculpou-se e disse “não poder fazer nada”, não tendo
nem mesmo se oferecido para acompanhá-la à delegacia.
Esse
comportamento omisso permite que episódios desse tipo se perpetuem
corriqueiramente e a vítima, além de ter sua intimidade violada
publicamente, muitas vezes ainda é culpada pela opinião pública
por usar roupas provocantes, ter um comportamento extrovertido ou
simplesmente por ser mulher.
O
homem, fazendo jus à sua natureza de animal racional, deve “conter”
tais instintos – se é que se pode chamar este tipo de
comportamento extremamente reprovável de instinto – pois estes não
são naturais, intrínsecos à sua condição ou sexo biológico, mas
se perpetuam diante da omissão coletiva da sociedade em que vivemos.
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