Por
Tereza Figueiredo
Made
in China,
filme que estreou ano passado e traz Regina Casé como protagonista,
realmente faz jus ao seu título. No enredo, a atriz interpreta o
papel de Francis, uma vendedora de uma loja no Saara, Rio de Janeiro,
que tenta ajudar seu patrão a aumentar as vendas para que não tenha
que fechar o estabelecimento. Entretanto, a loja em frente, a qual
pertence a um casal de chineses, tem preços imbatíveis e Francis
decide investigar de onde a mercadoria da concorrência vem para
poder salvar a loja na qual trabalha.
O
filme não segue uma sequência lógica e o enredo não empolga. Não
há nada que prenda a atenção do espectador e o final é tão solto
quanto o início: Francis (Regina Casé) não descobre de onde vem a
mercadoria e todos acabam “felizes para sempre”. Porém, o que
torna o filme tão ruim não é a falta de linearidade ou de história
consistente, mas sim o desfecho que é dado para a questão da
concorrência desleal: Francis decide vender enchimentos para os
seios e as nádegas às chinesas, pois é isso que elas admiram nas
brasileiras.
Os
enchimentos fazem o maior sucesso e os chineses de todas as lojas
procuram o estabelecimento no qual Francis trabalha para adquirir
roupas “típicas” brasileiras - decotadas, justas, de cores
vibrantes e curtíssimas – e os respectivos enchimentos para que
fiquem com o corpo que “toda estrangeira sonha”.
O
filme, além de se afastar totalmente de sua proposta inicial, não
diverte, mas sim ofende ao reduzir a mulher brasileira a seios e
nádegas fartas, insinuando que somente a partir da comercialização
destes a economia do Brasil se destaca. Questões sérias como
trabalho em condições análogas a de escravo e produtos
contrabandeados, as quais devem ser abordadas quando se fala na
economia chinesa, passam longe do enredo que não consegue ser
classificado nem mesmo como um besteirol.
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