sábado, 30 de maio de 2015

Made in China: porque não assistir


Descrição para cegos: poster do filme "Made In China" que exibe o nome e imagem dos atores principais,
 o nome do filme, colagens da estátua do Cristo Redentor, de um Dragão Chinês ornamentado com flores e a bandeira do Brasil, mostrando a atriz Regina Cazé sorrindo aparecendo na frente de uma loja
.


Por Tereza Figueiredo

Made in China, filme que estreou ano passado e traz Regina Casé como protagonista, realmente faz jus ao seu título. No enredo, a atriz interpreta o papel de Francis, uma vendedora de uma loja no Saara, Rio de Janeiro, que tenta ajudar seu patrão a aumentar as vendas para que não tenha que fechar o estabelecimento. Entretanto, a loja em frente, a qual pertence a um casal de chineses, tem preços imbatíveis e Francis decide investigar de onde a mercadoria da concorrência vem para poder salvar a loja na qual trabalha.

O filme não segue uma sequência lógica e o enredo não empolga. Não há nada que prenda a atenção do espectador e o final é tão solto quanto o início: Francis (Regina Casé) não descobre de onde vem a mercadoria e todos acabam “felizes para sempre”. Porém, o que torna o filme tão ruim não é a falta de linearidade ou de história consistente, mas sim o desfecho que é dado para a questão da concorrência desleal: Francis decide vender enchimentos para os seios e as nádegas às chinesas, pois é isso que elas admiram nas brasileiras.
Os enchimentos fazem o maior sucesso e os chineses de todas as lojas procuram o estabelecimento no qual Francis trabalha para adquirir roupas “típicas” brasileiras - decotadas, justas, de cores vibrantes e curtíssimas – e os respectivos enchimentos para que fiquem com o corpo que “toda estrangeira sonha”.
O filme, além de se afastar totalmente de sua proposta inicial, não diverte, mas sim ofende ao reduzir a mulher brasileira a seios e nádegas fartas, insinuando que somente a partir da comercialização destes a economia do Brasil se destaca. Questões sérias como trabalho em condições análogas a de escravo e produtos contrabandeados, as quais devem ser abordadas quando se fala na economia chinesa, passam longe do enredo que não consegue ser classificado nem mesmo como um besteirol.

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