Tereza Figueiredo
Thammy
Miranda, filha da cantora e dancarina Gretchen, ganhou os holofotes
quando decidiu assumir que era lésbica. Além disso, cortou os
longos cabelos, abriu mão de seguir os passos da mãe e adotou um
visual masculino.
Muitos
alegam que essa mudança de comportamento teve como principal
objetivo atrair a atenção da mídia. Entretanto, Thammy parece
estar bastante segura de sua orientação sexual, bem como opta, cada
vez mais, por alternativas que reforcem seu novo visual masculino,
tomando hormônios, removendo os seios e declarando que não deseja
gerar filhos. A cada nova mudança, uma chuva de críticas recai
sobre ela.
Por
que Thammy, ao admitir publicamente sua orientação sexual, não
manteve os traços femininos? Foi por mera necessidade de ser notada?
A
resposta é não. O comportamento de Thammy incomoda justamente por
mexer com o papel destinado à mulher na sociedade contemporânea:
ser, acima de tudo, feminina e sensual. E se, por algum acaso,
sentirem atração por outras mulheres, devem ainda assim conservar
seus traços de feminilidade, servindo as relações homoafetivas
entre mulheres unicamente para satisfazer o imaginário masculino.
Quando
Thammy assume que não só gosta de outras mulheres, como também que
se sente presa no gênero em que está e decide mudar o papel
socialmente destinado a ela, renegando assim seu corpo feminino e sua
carreira até então baseada em expor este corpo, ela mexe com as
frágeis estruturas da sociedade, a qual ainda não aceitou que
orientação sexual não implica mudança de gênero, mas pode ser
acompanhada desta, pois ninguém é obrigado - ou ao menos ninguém
deveria ser - a permanecer em um corpo que não lhe representa, já
que identidade de gênero não é sinônimo de sexo biológico ou
orientação sexual, mas sobretudo de conforto e aceitação de si
mesmo.
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