terça-feira, 6 de junho de 2017

Assédio disfarçado de brincadeira em Roland Garros

Descrição para cegos: foto do tenista Maxime Hamou beijando a repórter Maly Thomas, que está à sua esquerda. À direita está um fã que sorri olhando a cena.
Por Vitor Feitosa

        O tênis é um esporte de damas e cavalheiros. Os atletas das categorias masculinas e femininas costumam prezar pela honestidade, respeito e jogo limpo nas partidas. São regras não escritas que já estão incorporadas ao manual desse esporte tão tradicional, e qualquer atitude que fuja a isso é vista com maus olhos.
No torneio de Roland Garros em Paris (um dos quatro principais do circuito mundial de tênis), entretanto, foi o comportamento fora das quadras de um tenista em especial que chamou a atenção. A repórter Maly Thomas, do canal Eurosport, fazia uma entrevista ao vivo com o francês Maxime Hamou, de 21 anos, que acabara de ser eliminado do torneio, quando ele a abraçou e tentou beijá-la por várias vezes. Por estar ao vivo, Maly – visivelmente incomodada – tentou discretamente se livrar de Hamou, até que ele a soltasse.
        A organização de Roland Garros puniu o atleta retirando sua credencial de entrada no torneio, que termina apenas no próximo dia 12. A medida foi mais do que correta, e talvez coubesse até mesmo uma multa ao tenista. Mas o ponto a ser discutido é: por que atitudes como essa continuam a acontecer? Hamou certamente se aproveitou de sua posição privilegiada como atleta e achou que poderia fazer esse tipo de “brincadeira”. Só que a desculpa da brincadeira muitas vezes traz consigo um ato de assédio sexual disfarçado, como foi o que ocorreu no caso descrito.
        Infelizmente as mulheres estão sujeitas a isso independente de qual seja o lugar – na rua, em casa ou no trabalho. Maly Thomas, inclusive, estava no exercício de sua função como repórter quando foi assediada. Isso acaba tornando ainda mais grave a atitude do tenista, que desrespeitou não apenas a mulher, mas também a jornalista. Maxime Hamou naquele momento provavelmente não pensou se ela tinha namorado, marido ou filhos, e que ao ver tal cena eles ficariam envergonhados e preocupados.
Com tal ação, Hamou acabou por prejudicar a própria imagem publicamente, e ficará lembrado por muito tempo por esse episódio. Toda essa repercussão serve de aprendizado e de alerta não só para o atleta, como para a sociedade em geral, porque esse problema é muito mais profundo do que a situação sugere. E fica o questionamento: será que esse desejo é tão “insaciável” assim ao ponto de precisar satisfazê-lo a todo custo? Pode apostar que não.
Assista ao vídeo do assédio sofrido pela repórter clicando aqui.

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