Descrição para cegos: imagem mostra duas mãos segurando uma máscara de baile. |
Por Jade
Santos
Quando
eu era criança, agia como criança; pensava como criança. Costumava sempre
observar meus irmãos; não gostava do modo como se portavam, como brincavam de
futebol, como corriam pelo quintal.
Minha
mãe sempre questionava e discutia com meu pai sobre meu jeito de ser, por que
eu não era como as outras crianças? Por que não gostava de socializar com os
demais? O que ela não entendia, é que não era eu quem não os queria por perto e
sim ao contrário.
Quando
completei quinze anos, passei a andar com umas meninas que conhecera na escola.
Íamos ao shopping fazer compras, à praia nos bronzear, entre outras coisas.
Certo dia fomos a uma butique, eu e a Carla. Ao entrarmos, percebi um olhar
estranho de algumas pessoas em minha direção, inclusive da própria dona do
estabelecimento.
Resolvi,
então, perguntar se havia algo de errado comigo. Com um olhar de repúdio e tom
irônico, a moça me respondeu que eu parecia uma aberração e aquele não era
lugar pra mim.
Muito
triste cheguei em casa aos prantos. Foi quando minha mãe me perguntou o que
havia acontecido. Com os olhos cheios de lágrimas e o coração partido, olhei
para ela e respondi: “mãe, hoje eu percebi o quão perverso o ser humano pode
ser, mas, percebi também que preciso me libertar e não apenas parecer. É
verdade, eu sei que não sou mulher, a vida toda me escondi, sei que sou um
travesti, mas, de agora em diante eu serei o que bem quiser”.
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