Por
Tereza Figueiredo
Durante
mais de cinco séculos, o Kanun foi passado verbalmente no norte da
Albânia. Dentre os ensinamentos desse código de conduta merece
destaque a tradição das virgens juramentadas, na qual meninas se
consagram e abrem mão de uma vida sexual ativa e de sua feminilidade
– ou qualquer vestígio que as identifique como mulheres - para
assumir um papel masculino para o resto da vida.
Na
tradição Kanun, a vida de uma mulher é considerada como se valesse
apenas metade da vida de um homem. Entretanto, no caso de uma mulher
virgem, o valor de sua vida era equiparado ao de alguém do sexo
masculino. Assim, ao fazer o voto de virgindade, seja para fugir de
casamentos arranjados, seja para conquistar uma posição de destaque
na sociedade, a mulher passa a ter o mesmo valor que um indivíduo do
sexo masculino e exerce o papel de homem em sua totalidade: se
caracteriza como tal, passa a ser considerada como patriarca, anda
acompanhada de outros homens e pode desempenhar trabalhos reservados
exclusivamente ao sexo masculino.
Apesar
de ter perdido a força que tinha no passado, essa prática ainda
perdura em algumas aldeias nos Alpes, apresentando-se, àquelas
mulheres, como única saída para que sejam consideradas capazes de
participar na vida social dos locais em que residem, resultando em um
verdadeiro paradoxo: para proteger seus interesses e defender sua
autonomia ou ser considerada capaz de cuidar e prover sua família, a
mulher é obrigada a abrir mão de sua vida sexual, de seu gênero,
de sua identidade e deve assumir a postura de um personagem
masculino, tacitamente reconhecendo que somente através da
caracterização masculina é “digna” de uma postura ativa na
sociedade.
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