Por Dani Fechine
“Toda dona de
casa precisa”, era que assim que um homem, já com os seus 45 anos, vendia um
kit gás. O material facilitava a troca do gás, requerendo menos força e
pressão. “Pra sua esposa, sua mulher, sua irmã, sua mãe, sua tia”, ele
continuava a vociferar um machismo arraigado não só na sua criação, mas também
na sociedade. Nesse momento, o calor já convocava todos do Terminal de
Integração a delirar entre os próprios devaneios. Os mais velhos achavam graça do
seu merchandising. Eu, covarde, apenas emburrara-lhe a cara.
Situações como
essa acontecem diariamente, sob variadas formas. E atitudes de inibição também
estão distribuídas aos montes. Ouvir um homem gritar em um ambiente público,
recheado de crianças, mulheres, idosos, que utensílios domésticos servem apenas
para mulheres é deprimente e humilhante. Mas o moço parecia convicto da sua
fala. Para ele, era essa a melhor maneira de conseguir algumas clientes.