Descrição para cegos: Foto exibe conjunto de pessoas, com o foco em três mulheres dançando, localizado em uma casa de festas noturna, sendo iluminados por um jogo de luz. |
Por Vítor Nery
No início de maio, a prefeitura de Goiânia-GO
sancionou uma lei que proíbe o uso de dinheiro público para a contratação de
artistas que em suas músicas desvalorizem ou incentivem a violência contra
mulheres, homossexuais e afrodescendentes, expondo-os a situação de
constrangimento. Medida aplicada primeiramente na Bahia, após o Carnaval 2011, foi
adotada na Paraíba em 2013.
O assunto traz à tona a violência de gênero na
música. Um dos estilos onde isso ocorre com mais frequência é o funk. Mas por
que, ao invés de falarmos sobre isso, acabamos por difundir – no piloto automático
– os sons da indústria do estilo Proibidão por sua bizarrice e poder de
“chiclete”? Quais são as consequências de se replicar um discurso que
menospreza e banaliza a mulher, a exemplo do hit “Baile de Favela”, de MC João?
A monopolização das vozes, pelos MCs do gênero
masculino, institui uma visão única de sexo em que a mulher existe apenas para
satisfazer os prazeres do homem, como uma espécie de “propriedade recreativa”.
Além disso, o funk Proibidão é caracterizado pela sexualização precoce – a
exemplo da alta popularidade da palavra “novinha” nessas músicas.
Com isso, a possibilidade de gravidez indesejada em
menores de idade aumenta, proporcionalmente à chance dessas meninas carregarem
os filhos pelo resto das vidas sem apoio, tratadas como descartáveis. Isso é
extremamente preocupante. Principalmente porque no Brasil, mais da metade das
vítimas de estupro são menores de 13 anos, representando 50,7% do total dos
casos.
Precisamos continuar falando sobre a indústria do
Proibidão. Num país onde o funk é parte importante da cultura da periferia, pode
ser uma estratégia eficaz para diminuir a violência de gênero.
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