Descrição para cegos: menina segura cartaz escrito "Quando crescer quero ser o que eu quiser". |
Carolina
é uma menina bonita, sem muita frescura, até vaidosa. Ela tem onze anos, mas
com postura de adulta. A maturidade de Carolina não se dá no comportamento de
uma precoce adolescente, e sim na firmeza que expõe seus posicionamentos. Ela
sabe quem é, em qual contexto está inserida e o que não quer ser.
Comparada
a muita criança de sua escola, percebe-se que Carolina tem uma família
aparentemente estruturada, sem grandes danos, apenas com os mesmos valores
estereotipados. Por que afirmo isso? Porque Carolina não se espelha em seus
pais.
Ambos
não enxergam o potencial de sua filha, pois confundem sua convicção e
personalidade forte com indelicadeza. Desse modo, a mãe tenta reproduzir os
mesmos ensinamentos que lhe foram transmitidos por gerações, como a tradicional
dissociação das brincadeiras de acordo com o gênero atribuído. Logo, não
consegue compreender o fato de sua filha gostar de futebol e preferir histórias
de aventuras a romances bobos.
No
entanto, este conjunto de convenções, não determina que Carolina não seja
feminina. Talvez o que ocasione, futuramente, confusão na menina quanto à sua
identidade de gênero, sejam os estigmas que a própria mãe impõe, quando a
intitula de ”Maria João”.
Tomara
que a menina continue sendo tão bem resolvida com seus ideais e não se deixe
influenciar por possíveis distorções cognitivas. Espero estar descrevendo uma
futura militante de alguma luta que considere legítima, seja de cunho feminista
ou não. Pois, Carolina apresenta traços de liderança e autenticidade desde a
infância, seja pelo inconsciente desejo de igualdade entre meninos e meninas na
escola, falar alto ou através dos muitos livros que leu na biblioteca. Observo
Carolina com tamanha admiração, por de alguma forma, ela representar um pouco
da criança que um dia eu quis ser.(Sara Gomes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por participar. Seu comentário logo será publicado.