Descrição para cegos: imagem exibe mulher sentada no chão usando um vestido, com o cabelo bagunçado, as pernas e rosto com maquiagem que simula hematomas. |
Por Dani Fechine
Chegou
ao fim. O 8 de março acabou e, mais uma vez, fomos esquecidas também. O Dia
Internacional da Mulher se despediu da memória, da luta e da coragem. A partir
de hoje irão se lembrar de nós como donas de casa, como mulheres delicadas,
indefesas e incapazes.
O
dia da mulher chegou ao fim e nossas redes sociais estiveram recheadas de
mensagens com rosas e palavras bonitas que enaltecem a nossa falsa pequenez.
Vinte e quatro horas de uma lembrança que, sinceramente, a gente não conhece.
Marcada por luta, morte e sofrimento, o dia 8 de março não é comemoração.
Ontem
saí de casa logo cedo pra ajudar a preparar um evento que desmascararia todos
esses paradigmas e estereótipos que nos entregam, sem perguntar
se queremos. Nas palavras de quem julga, eu estava composta: calça jeans,
tênis, camisa folgada. Mas o primeiro olhar do dia foi de vulgaridade, de
humilhação, de objeto. A tentativa de derrubar os nossos estigmas parece que
fracassa sempre no passo seguinte.
E
então, amanhã, eu sou a próxima a evitar um short curto ao andar na rua, sou a
próxima a me esconder dentro de uma personalidade construída por um mundo
machista e excludente. Preconceituoso. Amanhã serei a próxima a entregar-me aos
olhares sujos, às palavras inescrupulosas, agressivas, floridas de um elogio
vulgar e barato.
Foi
Dia Internacional da Mulher. E agora, o que ficou? Mais um ano de tentativa,
luta e coragem. Mas também de um impulso incessante, grandioso e que se renova sempre,
por mais frágil que somos aos olhos dos outros, por menores que sejamos, por
mais invisíveis que nos tornemos, estaremos sempre vivas, juntas, em luta. No
dia de ontem não queríamos um “parabéns”, sinceramente. Queríamos apenas respeito.
Igualdade.
Foto: Pedro Paulo
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