Por
Gabriela Figueirôa
Depois da
desastrosa capa da revista IstoÉ, que retratava a presidenta Dilma Rousself
como uma descontrolada que não seria capaz de conduzir o país, imaginei que a
mídia brasileira daria um descanso nas pautas conservadoras sobre as mulheres.
Quanta inocência da minha parte. Essas duas últimas semanas foram difíceis para
nós mulheres, os meios de comunicação mostraram mais uma vez seu lado
retrógrado e conservador.
A revista Veja
fez uma matéria com o perfil da mulher do vice-presidente da república, Michel
Temer. No texto, ela retrata Marcela Temer como uma mulher “Bela, Recatada e do
Lar” e Temer, como um cara de sorte, por ter a mulher ideal ao seu lado. As
redes sociais questionaram imediatamente a matéria e ironizaram o tom
tradicionalista do perfil idealizado para todas as mulheres.
Já no
início da semana passada, foi à vez de Milena Santos, a mulher do Ministro do Turismo
ser destaque na mídia, mas não em um tom sutil como aconteceu com Marcela
Temer. A “ex Miss Bumbum” - como foi tachada a todo momento - recebeu várias
críticas por posar com uma roupa decotada ao lado do marido na sua posse. Milena
foge do perfil ideal que o patriarcado exige.
Se já
estava difícil, o deputado Flavinho, do PSB de São Paulo, conseguiu piorar
ainda mais. Na quarta feira, ele afirmou na Câmara Federal que as “mulheres de
verdade não querem ser empoderadas, mas sim cuidadas e amadas, e que feministas
não sabem o que é ser amadas”.
Depois
desse show de horrores protagonizado pela mídia e pelo deputado Flavinho,
fiquei um tempo refletindo sobre o nosso papel na sociedade. Até quando essa
cultura patriarcal determinará nossos comportamentos, vontades, desejos e modos
de viver e se vestir? Até quando a mídia vai reproduzir esse discurso sexista e
misógino? Até quando eles vão se recusar a aceitar que nós mulheres podemos ser
o que quisermos? Que somos donas das nossas próprias vidas e que eles (homens)
não têm nenhum direito de questionar e apontar nossas escolhas?
Nós
mulheres podemos ser as belas, recatadas e do lar como a Marcela Temer. Podemos
ser provocantes e sensuais como a Milena e podemos ser feministas, empoderadas
e amadas, diferente do que o deputado colocou. Feminista também é amada,
deputado, amada pelo movimento, por outras mulheres e por homens também. O
problema não é seguir os padrões impostos pela mídia, mas vender um padrão
ideal a ser seguido por todas as mulheres.
Somos
mulheres livres, e não vai ser a Veja, o deputado ou qualquer outro meio que
vai dizer o contrário. Somos todas mulheres de verdade, deputado!
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