Descrição para cegos: Imagem exibe um desenho de metade de um rosto de uma mulher de olhos fechados e com cabelo black power. |
Por Vítor Nery
Como causa social, o Feminismo se destrincha em
várias vertentes, dentre elas as interseccionais. Kimberlé Crenshaw, estudiosa
do assunto, definiu este conceito como “a visão de que as mulheres experimentam
a opressão em configurações variadas e em diferentes graus de intensidade”.
Uma mulher branca, heterossexual e de classe média,
por exemplo, sofre muito menos que uma negra e pobre, que, não bastasse o
machismo, ainda lida com o preconceito de raça e classe social. A vertente interseccional
que concilia a luta da mulher com a causa negra é o feminismo negro.
Outra subdivisão dessa categoria é o transfeminismo. Esta vertente de
interseção já sofreu preconceito por parte das demandas mais radicais do movimento
feminista, que não reconheciam a legitimidade do ativismo transgênero na luta
contra o patriarcado – restringindo-o apenas às demandas LGBTs. Mas não é bem
assim! Questões de orientação sexual diferem daquelas que abrangem identidade
de Gênero. Uma trata da repressão do desejo e da atração. Outra, de como o
indivíduo se reconhece. Daí a
legitimidade do segmento.
A urgência do fortalecimento da interseccionalidade
no Brasil é gritante - a exemplo das categorias mencionadas. Segundo a Revista
Fórum, 90% das travestis estão na prostituição no país e têm média de vida de
38 anos, enquanto mulheres cisgênero alcançam os 75. Além disso, o Mapa da Violência de 2015 apontou o
aumento de assassinatos de brasileiras negras em 54%, no período de dez anos.
Interseccionalidade é um termo que ainda está sendo
repercutido. Sua prática afronta a segregação da mulher que está à margem da
sociedade. É o feminismo que costura lutas e difunde a sororidade ao perceber
que as mulheres não sofrem igualmente e que todas, sem exceção, merecem ser respeitadas.
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