Descrição para cegos: Foto exibe homens sentados reunidos no Salão Oval, bem iluminado, todos vestidos de trajes formais. |
Por Gabriela Figueirôa
A posse
do segundo mandato da presidenta Dilma Rousself foi emblemática. Ela apontava
que o protagonismo na política também pertencia a nós mulheres. Em um carro
aberto, Dilma, acompanhada da sua filha Paula, desfilaram sozinhas na Esplanada
dos Ministérios. Não se viu ternos, gravatas e cabelos brancos, era a vez
delas. Mas o que parecia ser um momento de protagonismo feminino, na última
quinta feira, 12, se consolidou com uma nova cara. A misoginia se instaura
definitivamente na política brasileira. A mulher, que antes estava na linha de
frente, hoje se restringe apenas à posição de bela, recatada e do lar.
Dilma
Rousself não é mais a chefe da nossa nação. Ela se foi e hoje é apenas uma
presidenta afastada. No entanto, o afastamento não se restringiu apenas a ela.
Os homens decidiram que o espaço na política volta a ser de exclusividade
deles. Saímos juntas com a presidenta eleita. Nenhuma mulher foi nomeada
ministra no novo governo do presidente interino, Michel Temer, e isso não
acontecia desde a ditadura militar, com Ernesto Geisel (1974-1979)
Esse
novo cenário político do Brasil é preocupante. Em uma sociedade em que as
mulheres representam 51,4% da população, não ter nenhuma representante no alto
escalão do Governo Federal escancara de vez a desigualdade de gênero existente
na nossa política.
Pior do
que isso é ver que Temer foi apoiado por uma parcela mínima da população. Nas
redes sociais, pessoas alegam que os nomes foram decididos com base na
competência e não em gênero. Eles não percebem que esse argumento é ainda mais
machista que a própria atitude do governo. A representatividade não é
importante e tais comentários pressupõe que nenhuma mulher é competente o
suficiente para atuar na política.
A mídia
tradicional também decidiu fazer parte, mais uma vez, deste circo machista.
Depois da reportagem da revista Veja sobre o perfil ideal da mulher na
política, o portal Extra divulgou uma matéria falando como as mulheres dos
novos ministros chamaram a atenção nos bastidores do planalto. Para a mídia,
não é importante discutir sobre a falta de representatividade da mulher na
política, mas reafirmar o papel de objeto que elas têm.
A
primeira presidenta mulher do Brasil se foi, e com ela nossa esperança de
continuar dando voz a quem sempre esteve como figurante na vida política. Para
eles, nosso lugar hoje é no máximo como primeira dama, mas aviso: vai ter
resistência.
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