Descrição para cegos: foto mostra várias pessoas em um local ao ar livre, com os braços levantados e de punhos cerrados. |
Por Vítor Nery
Miscigenado,
efervescente e diverso, o Brasil carrega um legado de transgressão de normas e
padrões de comportamento, impulsionando diversos movimentos sociais nos últimos
anos. Proporcionalmente, no entanto, uma forte onda reacionária vem ameaçando as
conquistas sociais das minorias. No tocante às questões de gênero, a reação
vem, em grande parte, de homens desacreditados, afirmando que o feminismo prega
uma suposta supremacia das mulheres. Contudo, o empoderamento feminino é, na
verdade, a melhor solução para que todos sejamos tratados de forma igualitária
– inclusive, os homens.
Apesar
de nossos privilégios, como pessoas do sexo masculino, também somos afetados
com o machismo - O que é ser homem, e o que se espera dele na sociedade? Em
janeiro de 2015, um encontro realizado no Departamento de Ciências Sociais da Universidade
do Chile teve como objetivo problematizar essas ideias. Na solenidade, o
sociólogo Klaudio Duarte afirmou que, assim como as mulheres, os homens também aprendem
a se portar como “machos” no decorrer da vida, reproduzindo o patriarcado
através da heteronormatividade. Mas como isso ocorre?
Desde
a infância, o machismo é encarado como uma "expressão da masculinidade".
Certamente, todo homem já ouviu e/ou reproduziu algumas dessas frases quando
criança: “Pare de chorar, seja homem!”; “Você bate feito mulherzinha.”; “Rosa é
cor de veado.” Todas elas são citações onde o “papel masculino” está
intimamente ligado a opressão de outros grupos considerados inferiores pelo
patriarcado, como mulheres e homossexuais.
O
“macho” aprende a ser agressivo, autoritário e a esconder seus sentimentos, o
que reforça hábitos de violência e negligência séria com a própria saúde. Em
2014, o Brasil foi considerado em levantamento da ONU, o 8º país com maior
número de suicídios no mundo, sendo 77,8% deles, cometidos por indivíduos do sexo
masculino. Ademais, o homem é maioria no sistema carcerário e tem as menores expectativas
de vida. O quanto os tabus vazios reforçam esses dados?
E
sem falar nas contradições: o machismo menospreza a vaidade feminina para
afirmar seu aspecto rústico, de virilidade. Isso já não é narcisista? O quão
frágil e neurótica é essa masculinidade imposta?
A
luta das mulheres por direitos iguais reforça que devemos questionar e refletir
nossa condição, também. Que se todos formos livres para ser e se expressar,
estaremos construindo uma sociedade mais compreensiva, flexível e respeitosa. O
mais importante é que conceitos são mutáveis. E para efetivar mudanças, que
continuemos a empreender lutas sociais e políticas. Esse é o poder do
feminismo.
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