quarta-feira, 8 de maio de 2019

MARIE CLAIRE, MINHA AMIGA DE INFÂNCIA

Descrição para cegos: capa da revista Marie Claire de 1997 com uma modelo usando maiô amarelo modelo asa delta


Lembro de ir no gabinete- é assim que chamamos salão de cabeleireiro, no Ceará, o
meu estado natal- acompanhar minha mãe em suas visitar pra pintar e escovar seus curtos
cabelos – o molde Fátima Bernardes estava em alta nos anos 90.

Criança inquieta eu corria de lá para cá naquela salinha apertada, um puxadinho da
sala da dona de casa, que intercalava cabelos com o jantar do marido, eis que encontrava as
revistas pra folhear, nenhuma em quadrinhos, pois, lá não haviam crianças além de mim. E
assim peguei minha primeira Marie Claire em 1996: uma mulher com sobrancelhas finas e boca
vermelha estava na capa, não lembro quem, mas não esqueço dessas duas características.
Via as roupas, as modelos, os casais, via tudo, pois abria as páginas com liberdade e
foi assim por vários finais de semana até o dia que minha mãe ouviu “O QUE É SEXO?” saindo
por minha boca e atravessando todos os ouvidos daquela pequena sala.

Fuxico, murmúrio, “isso não é coisa pra criança” todas falaram pra mim, “você não
vem mais comigo” disse minha mãe. E, assim, não tive mais minha leitura dos finais de
semana.

Hoje, 22 anos depois, a necessidade de buscar leitura sobre o machismo nas revistas
femininas, levou a mini-menina a lembrar da sua velha amiga de infância ao se deparar com
edições que não buscavam responder e, sim, em questionar o mundo ao seu redor, elas não
calam, ao contrário, nos fazem gritar por todas nós.Reencontrei minha velha amiga e ela fez
com que eu mesma me reencontrasse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por participar. Seu comentário logo será publicado.