domingo, 11 de maio de 2014

Sobre lembranças de um gênero que faz o que quer fazer


Descrição para cegos: pintura com o desenho da sombra de várias pessoas em roxo e amarelo, e o nome liberdade aparece transcrito ao longo da imagem.          

           
Quem sabe há cinco anos eu me visse fadada a ser o que não quero. Sob construções sociais que perpassaram dia a dia. Minha jaqueta masculinizada e meu olhar feminino remetem a um estilo meio Sid Vicious meio Audrey Tautou. Mas, espera aí, existe um olhar feminino? Construções.
            Escolhi. Vou com a calça, a jaqueta e a blusa azul. Estou sendo. Um dia desses estava lendo sobre conceitos de gênero. Entre os tantos que existem, a historiadora estadunidense Joan Scott utiliza o princípio de desconstrução do francês Jacques Derrida e reflete: “gênero é construído sobre a base da percepção da diferença sexual; e gênero é uma forma primária de dar sentido às relações de poder” (SCOTT, 1995). Deste modo, existe a hierarquização que está relacionada a relações sociais. A autora busca a compreensão da maneira que são construidos os significados culturais das diferenças entre sexos.
            O que faço para buscar a ressignificação do masculino e feminino? De acordo com Scott, a resposta está na linguagem e no discurso. Quando chegar em casa pensarei nisso, agora vou fazer sentido lá fora, nas experiências do meu cotidiano, vou mostrar o quanto: “sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher [...] Mas sou minha, só minha e não de quem quiser, sou Deus, tua Deusa, meu amor”. Já dizia Renato Russo.
Carolina Ferreira
           

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