sábado, 28 de fevereiro de 2015

Da violência física à violência psicológica

Descrição para cegos: imagem da bandeira LGBT com machas de sangue ao fundo.

Por Jade Santos

O Grupo Gay da Bahia (GGB), uma das organizações mais importantes do Movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT), relata anualmente o número de ocorrências violentas praticadas contra membros desse grupo no Brasil. O professor Roberto Efrem utiliza dados do GGB e analisa essa situação em seu artigo Corpos Brutalizados: conflitos ematerializações nas mortes de LGBT.
Ao julgar esses crimes, a justiça brasileira não os entende como homofóbicos, mas, sim como cruéis e brutais. Para a polícia, o principal motivo dos delitos não é a homofobia, mas sim a vingança. Pois, a forma como as vítimas são encontradas demonstra explicitamente um ato de ódio e crueldade.
De acordo com o Grupo Gay da Bahia, ocorre um assassinato de homossexual a cada 28 horas. No Brasil, foram 312 em 2013, sendo o Nordeste a região mais violenta, com 43% de homicídios.
Segundo Roberto Efrem – professor do Centro de Ciências Jurídicas da UFPB – cada prática violenta realizada contra um homossexual deve ser
entendida como questão política e social.
A divulgação desses crimes, através da mídia, e a explicitação da violência, sobretudo das mortes praticadas, auxiliam a parte política do movimento LGBT. Essa visibilidade dos assassinatos implica em um reconhecimento público da vulnerabilidade dos membros desse grupo.
“Não vai acontecer nada comigo, estou limpando a sociedade de um cancro”, “uma vida como essa não vale nada, é insignificante”. São pensamentos assim que impulsionam a proliferação de assassinatos homofóbicos na sociedade.
Os próprios membros do Movimento LGBT encontram-se muitas vezes fragilizados, entendendo e aceitando que tamanha violência é, de fato, motivada por sua representação e classificação como um ser social diferenciado. Pensamento esse, imposto pela sociedade e os meios que a circundam.
 Desse modo, apenas quando o poder legislativo entender que a homofobia precisa sim ser considerada um crime no Brasil, a impunidade será devidamente contida.

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