segunda-feira, 2 de maio de 2016

Somos todas mulheres de verdade, deputado!

Descrição para cegos: imagem mostra print de duas matérias sobre Marcela Temer e Milena Teixeira, com as seguintes manchetes: "Marcela Temer: bela, recatada e do lar" e "Primeira-dama do turismo é retrato dos últimos dias do governo Dilma e do PT".

Por Gabriela Figueirôa

        Depois da desastrosa capa da revista IstoÉ, que retratava a presidenta Dilma Rousself como uma descontrolada que não seria capaz de conduzir o país, imaginei que a mídia brasileira daria um descanso nas pautas conservadoras sobre as mulheres. Quanta inocência da minha parte. Essas duas últimas semanas foram difíceis para nós mulheres, os meios de comunicação mostraram mais uma vez seu lado retrógrado e conservador.
        A revista Veja fez uma matéria com o perfil da mulher do vice-presidente da república, Michel Temer. No texto, ela retrata Marcela Temer como uma mulher “Bela, Recatada e do Lar” e Temer, como um cara de sorte, por ter a mulher ideal ao seu lado. As redes sociais questionaram imediatamente a matéria e ironizaram o tom tradicionalista do perfil idealizado para todas as mulheres.

        Já no início da semana passada, foi à vez de Milena Santos, a mulher do Ministro do Turismo ser destaque na mídia, mas não em um tom sutil como aconteceu com Marcela Temer. A “ex Miss Bumbum” - como foi tachada a todo momento - recebeu várias críticas por posar com uma roupa decotada ao lado do marido na sua posse. Milena foge do perfil ideal que o patriarcado exige.
        Se já estava difícil, o deputado Flavinho, do PSB de São Paulo, conseguiu piorar ainda mais. Na quarta feira, ele afirmou na Câmara Federal que as “mulheres de verdade não querem ser empoderadas, mas sim cuidadas e amadas, e que feministas não sabem o que é ser amadas”.
        Depois desse show de horrores protagonizado pela mídia e pelo deputado Flavinho, fiquei um tempo refletindo sobre o nosso papel na sociedade. Até quando essa cultura patriarcal determinará nossos comportamentos, vontades, desejos e modos de viver e se vestir? Até quando a mídia vai reproduzir esse discurso sexista e misógino? Até quando eles vão se recusar a aceitar que nós mulheres podemos ser o que quisermos? Que somos donas das nossas próprias vidas e que eles (homens) não têm nenhum direito de questionar e apontar nossas escolhas?
        Nós mulheres podemos ser as belas, recatadas e do lar como a Marcela Temer. Podemos ser provocantes e sensuais como a Milena e podemos ser feministas, empoderadas e amadas, diferente do que o deputado colocou. Feminista também é amada, deputado, amada pelo movimento, por outras mulheres e por homens também. O problema não é seguir os padrões impostos pela mídia, mas vender um padrão ideal a ser seguido por todas as mulheres.
        Somos mulheres livres, e não vai ser a Veja, o deputado ou qualquer outro meio que vai dizer o contrário. Somos todas mulheres de verdade, deputado!

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