segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Perspectiva de gênero de “To The Beautiful You”

Descrição para cegos: menina se olha no espelho e prepara-se pra cortar sozinha seu cabelo.


To The Beautiful You é uma série Sul-Coreana que traz em seu enredo uma jovem coreana que cresceu nos EUA e que volta para seu país de origem, disfarçada de garoto para estudar numa escola que pode realizar seu sonho de ser uma grande atleta. De acordo com a série, essa instituição é a única do país na especialidade de formar personalidades no esporte mundial, apenas do gênero masculino.
A reflexão feita através da leitura dessa obra evidencia a posição e o papel dos gêneros Homem e Mulher diante da sociedade, em que a mulher deve ocupar cargos discretos e que sejam mais domésticos possíveis, enquanto os homens podem e devem trabalhar em áreas de prestígio. Apesar das diferenças representadas na trama, na leitura que considera as peculiaridades da cultura asiática, é perceptível uma ampla influência imperialista no comportamento social em ambos os gêneros.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

II Colóquio de Diversidade de Gênero – com a professora Rosa Godoy

Descrição para cegos: imagem de Rosa Maria Godoy durante colóquio.

O II Colóquio de Diversidade de Gênero da disciplina Jornalismo e Cidadania foi realizado no dia 29 de outubro com a professora Rosa Maria Godoy Silveira. Doutora e pós-doutora pela USP, Rosa atua nos programas de pós-graduação em História, Direitos Humanos e Ciências Jurídicas da UFPB. A organização foi de Elthon Cunha, Jade Santos, Maryellen Bãdãrãu e Sara Gomes.

No primeiro vídeo, a professora Rosa explica a secular divisão de papéis para homens e mulheres na sociedade.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Centro Acadêmico promove Pré-Semana de História na UFPB

Descrição para cegos: foto de perfil de Lila Santos.

O evento teve início no dia 12 de novembro, com a mesa sobre Gênero e Sexualidade. Participaram dessa mesa Terlúcia Silva, integrante do Bamidelê, organização de mulheres negras da Paraíba; Lila Santos, da Coordenadoria de Promoção à Cidadania LGBT e Igualdade Racial, e Tita Carneiro, da Marcha Mundial das Mulheres. No segundo dia do evento, aconteceu o debate sobre Criminalização das periferias. No dia 14 ocorreu o encerramento na Praça da Alegria do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes, com a temática Cultura Afro-Brasileira. Ouça a entrevista que fiz com Lila Santos para o programa Canal 2 – Espaço Experimental.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Instantes fotográficos retratam transgêneros

Descrição para cegos: foto de perfil de Helena, uma transgênero, com fundo preto e branco.

         Para pluralizar a dinâmica das atuais postagens do blog Diversidade de Gênero, pensei em divulgar um tema pouco pautado pela mídia - transgêneros - e abordá-los de maneira peculiar. Logo, nada melhor para transparecer a realidade de um grupo identitário do que eternizar suas percepções através de um instante. Então, visando esta ideia, encontrei dois ensaios fotográficos sobre a transexualidade de alguns países do continente asiático.
 O primeiro ensaio é da fotógrafa Shahria Sharmin, realizado na comunidade Hijra – Bangladesh, Índia e Paquistão, localizados ao sul da Ásia, onde a discriminação é mais severa, pois tratam o “terceiro sexo” como aberrações. Para ver, Clique Aqui.
Já o segundo ensaio, produzido pelo fotógrafo Marcus Koppen, ocorreu na Tailândia, país que trata os transgêneros de forma mais respeitosa, além de ser referência na cirurgia de mudança de sexo. Para ver, Clique Aqui (Sara Gomes)

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Fotógrafa faz ensaio com mulheres militantes da II Guerra Mundial

Descrição para cegos: retrato Galina Ivanova que serviu na Segunda Guerra Mundial.

A polonesa Agnieszka Rayss decidiu homenagear as veteranas do exército vermelho em um ensaio fotográfico que reúne mulheres que serviram à União Soviética, na Segunda Guerra Mundial. Depois da derrota dos nazistas, essas mulheres foram saudadas como heroínas, pois tiveram um importante (e perigoso) trabalho, como o de resgatar feridos na linha de fogo, cozinhar e até guerrear com os demais soldados. A fotógrafa polonesa recebeu diversos prêmios por seu trabalho e teve trechos publicados no livro “The Other Hundred”, em 2013. (Maryellen Bãdãrãu) 

Veja o ensaio aqui.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Receita da mulher perfeita


Descrição para cegos: ilustração do que seria o "Guia da boa esposa".

por Jade Santos

INGREDIENTES:
  •          2 copos de obediência;
  •          ½ xícara de inteligência (não se pode ser muito inteligente, pois os homens adoram as burrinhas);
  •          1 colher de sopa de bondade
  •          4 beijos por dia (no máximo, não seja muito pegajosa);
  •          Beleza ao extremo (neste quesito podem exagerar, eles preferem as gostosas);
  •          2 filhos (de preferência um casal);

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Oito anos de Lei Maria da Penha


Descrição para cegos:imagem de uma menina sentada de cabeça baixa, escondendo
o rosto nos braços.


Este ano a Lei Maria da Penha (Lei 11.340) completou oito anos de existência e nos alertou para dados importantes – e alarmantes – sobre a violência contra a mulher no Brasil.
Desde sua criação, a Lei Maria da Penha vem exercendo um papel crucial para as mulheres que são agredidas e precisam de um apoio moral e judicial diante das agressões. De acordo com a fundação Perseu Abramo, acontece uma agressão a cada quinze segundos no Brasil. Na maior parte dos casos, os agressores são membros da própria família da vítima, chegando a um percentual nove vezes maior do que o considerado como hostilidades ocorridas no trabalho ou na rua.
Entretanto, esses números podem ser ainda maiores, se considerarmos a possibilidade de que existe uma quantidade de mulheres que não denunciam seus agressores em decorrência do medo.
A violência contra a mulher ainda é muito recorrente no Brasil devido ao entranhamento sociocultural de uma ideologia sexista que perdura há séculos no país, desde a divisão do trabalho até o padrão machista nas ligações afetivas, contribuindo para uma relação de gênero desigual. (Maryellen Bãdãrãu)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Traços femininos ou feministas?


Descrição para cegos: menina segura cartaz escrito "Quando crescer quero ser o que eu quiser".

Carolina é uma menina bonita, sem muita frescura, até vaidosa. Ela tem onze anos, mas com postura de adulta. A maturidade de Carolina não se dá no comportamento de uma precoce adolescente, e sim na firmeza que expõe seus posicionamentos. Ela sabe quem é, em qual contexto está inserida e o que não quer ser.
Comparada a muita criança de sua escola, percebe-se que Carolina tem uma família aparentemente estruturada, sem grandes danos, apenas com os mesmos valores estereotipados. Por que afirmo isso? Porque Carolina não se espelha em seus pais.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

“Nós existimos”

Descrição para cegos: foto de Andrew Garfiel no clipe de "We Exist" do Arcade Fire.


Por: Jade Santos

Gravada pela banda Arcade Fire, a música We Exist, lançada em 2013, retrata a forma conturbada como um jovem é tratado em seu meio social e em sua família. A banda convidou o ator Andrew Garfield, protagonista de O Espetacular Homem-Aranha para estrelar o vídeo clipe da música, onde ele vive um jovem que enfrenta preconceitos e rejeição por se vestir como mulher e sair pelas ruas dessa forma.
O jovem é vítima de rumores que pessoas como ele não deveriam existir. Esse comportamento é reprovado até por seu pai, que reza para que a maneira de agir do filho seja apenas uma fase.
O jovem protagonista do clipe é apenas o retrato do que realmente ocorre quase todos os dias com garotos transgêneros e homossexuais, que são marginalizados da sociedade como se realmente não existissem. Além disso, sofrem todo tipo de rejeição e preconceito. Assista ao vídeo clipe e dê sua opinião.

domingo, 19 de outubro de 2014

A Verdadeira Negra


Descrição para cegos: mulher segura um cartaz dizendo "Globo, eu não sou tuas negas".

A teledramaturgia brasileira, principalmente a da maior emissora do Brasil – A Globo – não recicla sua postura quanto à representação da mulher negra, tratando-a de forma pejorativa. Apesar dos anos, a caracterização estereotipada predomina. A televisão associa a beleza negra ao desejo sexual. As personagens raramente ocupam um papel que represente ascensão profissional, cabendo-lhes a imagem dos menos favorecidos. O título do seriado a que se refere este artigo evidencia o padrão midiático que prevalece na teledramaturgia. As mulheres que assumem sua negritude e estão cansadas de serem rotuladas, lançaram uma campanha nas redes sociais contra o programa: # “sexo e as nêgas, não me representa”.(Sara Gomes)
A seguir, um vídeo de indignação da Dra. Ludmila Cruz sobre a série


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O Feminismo vendido


Descrição para cegos: imagem da cantora Beyoncé com um cartaz "We can do it!" de fundo.

Uma primeira impressão da palavra Feminismo traz diversas alusões às mentes das pessoas. Uns podem lembrar-se do movimento extremista, enquanto outros vão remeter-se à luta por igualdade de gênero. Por ser uma palavra que traz bagagens históricas riquíssimas de mulheres que fizeram de suas ações uma referência para os dias de hoje (exemplos de Emma Guldman e Marie Curie), atualmente o Feminismo está sendo vinculado à cantoras da música pop internacional, tratado como uma ideologia a ser defendida. Mas a questão é: até que ponto isso é verdadeiro? E a que preço?
Ultimamente a mídia tem mostrado as cantoras Beyoncé e Miley Cyrus como adeptas do Movimento Feminista (moderno). Enquanto Emma e Marie, em sua época, tiveram uma forma de protestar a favor da equidade de gênero, também aquelas estariam prontas para militarem a favor do Feminismo. Em suas canções, por exemplo, Beyoncé revela claramente em "Run the World (Girls)" uma versão idealista de empoderamento feminino e a mulher como superior ao homem. Assim também Cyrus, que se considera publicamente como Feminista, tanto em suas entrevistas como no seu próprio modo de viver.
Entretanto, a crítica considera essas atitudes um marketing da cultura pop musical para ganhar mais público através da “novidade”. Seria uma forma de vender uma ideologia em favor de um maior alcance. Enquanto antes a palavra Feminismo nem era mencionada pelas artistas por trazer uma conotação negativa, agora está sendo cantada. A Beyoncé de “Run the World (Girls)” é a mesma de “Drunk in Love” que contém trechos que remetem a uma situação de abuso e violência contra mulher. Da mesma forma Miley se contradisse quando fez uma performance em 2013 e seminua cantou “Blurred Lines”, música que faz forte alusão ao enaltecimento do estupro e à desvalorização da mulher. (Maryellen Bãdãrãu)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

FotoSíntese

Descrição para cegos: foto de um casal sentado na praia.
QUEM VOCÊ É?
A expressão “ideologia de gênero” é utilizada para definir a neutralidade do gênero humano. A existência de um modelo identificado pela sociedade como ideal intimida por diversas vezes o verdadeiro “eu” que habita em cada indivíduo. A descoberta da identidade não provém de uma classe social, mas é algo de dentro pra fora, é preciso libertar a si mesmo. (Jade Santos)

Durante o semestre 2013.2 houve a exposição da turma do quarto período de Jornalismo no Centro Acadêmico de Jornalismo Vladimir Herzog da Universidade Federal da Paraíba. A exposição foi coordenada pela professora Margarete Almeida, na disciplina Estudos Culturais em Comunicação. O projeto exposto teve como tema central o Multiculturalismo, no qual foram abordados diversos subtemas como a diversidade sexual, a diversidade religiosa, a diversidade de etnia e também a diversidade de gênero, que foi representado na FotoSíntese acima.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

As diversas faces de Frida Kahlo

Descrição para cegos: ilustração de Frida Kahlo.
Frida Kahlo (1907-1954) – pintora mexicana, ícone do feminismo e comunista. Uma mulher moderna, assumidamente bissexual, com mentalidade à frente de seu tempo que rompeu com os padrões estéticos da época. André Breton – poeta francês – a intitulava como “surrealista autocriada”. Entretanto, Frida não se permitia encaixar em qualquer conceito além da realidade que viveu, e dizia: “Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei minha própria realidade”.
 Um grave acidente de ônibus – aos 18 anos - foi divisor de águas na vida de Frida, provocou uma tripla fratura em sua coluna vertebral. Essa fatalidade despertou seu lado artístico, que utilizou da pintura para vencer a ociosidade de sua lenta recuperação.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

O Feminismo como um estilo de vida

Descrição para cegos: imagem preto em branco de uma menina deitada, sorrindo.

Há inúmeras pessoas envolvidas numa luta por uma igualdade de gênero, em que a mulher seja em tudo equivalente ao homem, não apenas considerada formação da natureza em sua forma delicada de ser. Neste artigo, Mikaella Pedrosa, aluna do curso de Jornalismo da UFPB, defende a ideia de um feminismo mais tradicional, se comparado aos movimentos ferrenhos dos dias atuais, baseando-se no discurso da palestra feminista de Chimamanda Ngozi e da música Flawless de Beyoncé, que retrata a realidade que as mulheres enfrentam, assim como também argumenta que muito além de um movimento, o Feminismo deve ser encarado como uma ideologia. (Maryellen Bãdãrãu)

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mulheres de padres pedem o fim do celibato

Descrição para cegos: Ilustração do papa Paulo III.
Um assunto pouco abordado quando se trata de discutir o celibato dos sacerdotes católicos é o lado das mulheres. Pois bem: segundo esta matéria da revista Carta Capital (edição de 29 de agosto), elas estão mais organizadas do que imaginamos.
Leia a matéria clicando aqui.

domingo, 31 de agosto de 2014

Minha vida de João: vídeo esclarecedor sobre identidade de gênero

Descrição para cegos: print da animação "Minha Vida de João".
O Youtube é uma ótima ferramenta de informação. Numa rápida pesquisa podemos encontrar vários vídeos, entre documentários, entrevistas e filmes, que dizem respeito às questões de gênero.  A pequena animação “Minha Vida de João” mostra a formação de identidade de gênero masculina. Quando o indivíduo está em formação, certas normas são passadas pelos pais e pela sociedade em geral, como, por exemplo, a atividade de jogar bola como conduta intrínseca masculina. E quando a vontade do pequeno menino é se vestir à semelhança de sua mãe? A sociedade vem com um lápis e apaga. Veja o vídeo aqui. (Luís Marques)

sábado, 30 de agosto de 2014

Análise da imagem da mulher nos anúncios televisivos

Descrição para cegos: foto de Glória Rabay.


A professora Glória Rabay, da Universidade Federal da Paraíba, analisa a imagem da mulher na publicidade televisiva, com foco nos anúncios das marcas de cerveja, trazendo a relação que há entre a forma como a mulher é vista nessa propaganda e na sociedade. Ouça a entrevista aqui. Matéria publicada no programa Espaço Experimental, que vai ao ar todos os sábados, às 11 horas, na Rádio Tabajara AM (1.110 kHz) - João Pessoa-PB. (Taisa Vieira)


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Você me vê?

Quando usamos imagens aliadas com texto, o resultado, em grande parte, é uma boa comunicação. Dessa forma eu fiz uma ilustração em aquarela sobre folha de papel A4 e nanquim. Ela faz parte de uma série chamada Gênero e reverberaçõesque apresenta ilustrações sobre as questões de gênero, que aliam texto e imagem. Essa ilustração põe em questão algumas palavras ofensivas que são direcionadas a pessoas que optaram por não seguir o padrão normativo de gênero feminino ou masculino, mas que tangenciaram por nuances, assim como fazem as partículas suspensas de tinta de uma aquarela. Ao final, fica o questionamento: com que olhos você me vê? Confira abaixo. (Luís Marques).

Descrição para cegos: ilustração de Luís Marques.

domingo, 24 de agosto de 2014

Estudantes elaboram documentário sobre transexualidade

Descrição para cegos: foto da foto de Maria Clara.

Às vezes, apenas uma frase pode provocar questionamentos sobre nosso posicionamento perante certas questões. Se o documentário dos estudantes Igor Travassos e Letícia Barros, (Trans)parência, não teve esse efeito, a repercussão na web pode nos fazer desconfiar. O documentário foi notícia no jornal Extra e citado numa matéria da Revista Continente, além de debates sobre o tema terem acontecido, à exemplo da mesa redonda Culturas do Ser humano - O (i)limitado do (M)eu corpo LGBT, na Universidade de Pernambuco, ocorrida em maio. Igor conta que, “com a veiculação na internet, e graças à carência do tema, teve uma boa repercussão”.

O documentário foi produzido para a disciplina de Documentário Clássico, do curso de Publicidade da Universidade Federal de Pernambuco. A produção é um depoimento de Maria Clara, numa conversa simples e que nos faz repensar sobre o preconceito contra transexuais. (Luís Marques)

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Uso sexista da língua: não dê valor aos valores machistas

Descrição para cegos: ilustração do blog "Penso, logo feministo".

Tenho andado pensando sobre a minha infância. Pensei sobre a época da escola. Pensei, pensei. Com o passar dos anos, vi que gênero é uma construção social, eu posso desconstruir e construir novos olhares, a partir das diversas identidades de cada pessoa, você aí também pode. Afinal, temos que ter liberdade para ser o que somos. E assim, sou.
Ah, sei lá, deve ter sido na 2º série do ensino fundamental, na escola da fardinha verde - assim como era conhecida - de onde tenho a primeira lembrança de ser incluída no “ele”. Desde criança sempre me questionei: por que chamar, por exemplo, em uma sala de aula, os meninos e meninas de “eles”. “Eles estão fazendo a lição”; “Eles estarão no recreio daqui a meia hora”; “Eles já estão liberados”. Mas, professora, eu sou menina. Mas também podia me chamar de criança.
Na minha sala só tinha um, dois, três, quatro meninos, não importa o número, o fato é que a maioria sempre foi feminina. Mesmo assim, meninos e meninas eram colocados em uma categoria. Qual foi a escolhida: homem, homem. Apenas um em meio a todas já basta. Sim, isso mesmo. Engajadas(os) com a desconstrução do gênero e da sociedade machista utilizam várias formas: agricultorxs, agricultor@s, agricultoras e agricultores.
Talvez eu tivesse que me refazer em meio ao espaço escolar, naqueles anos que eu tinha oito anos. Só mais uma para quem atua na educação de ensino básico: existem questões de gênero na escola e ali há crianças em idade de formação, essa irá refletir nos seus princípios quando se tornarem adultas. Somos múltiplas identidades.
Qualquer coisa que não dê valor aos valores machistas!
Liberte sua mente. Essa não é uma questão inútil! (Carolina Ferreira)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

“A buceta é minha”: o corpo como sujeito no mundo

Descrição para cegos: retrato de perfil de Jaqueline Conceição.

Entrevista realizada pela Revista Fórum Semanal (http://revistaforum.com.br/digital/) com a pedagoga Jaqueline Conceição, que escreveu o artigo “Só Mina Cruel – Algumas Reflexões Sobre Gênero e Cultura Afirmativa no Universo Juvenil do Funk”, que trata da questão do feminismo e da mulher no universo do funk. 
(Taisa Vieira)

Quais são as intersecções possíveis entre feminismo, funk e empoderamento da mulher? A pedagoga Jaqueline Conceição se debruçou sobre essa questão em artigo que será apresentado na Universidade de Columbia

Por Marcelo Hailer
O nome de Jaqueline Conceição circulou nesta semana nos meios de comunicação por dois motivos: primeiro, pela campanha online que ela lançou para angariar fundos para uma viagem aos Estados Unidos, pois o seu artigo “Só Mina Cruel – Algumas Reflexões Sobre Gênero e Cultura Afirmativa no Universo Juvenil do Funk”, que trata da questão de gênero no universo do funk, foi selecionado para ser apresentado em um congresso da Universidade de Columbia, uma referência no mundo. O segundo motivo é que a campanha chegou na cantora de funk Valesca Popozuda, que gostou do projeto e resolveu ajudar Conceição a bancar a sua viagem para a terra do Tio Sam.

Conceição resolveu tratar de um tema que é polêmico nos debates feministas, a questão da mulher e do feminismo no meio do funk. Quando cantoras vociferam frases como “a porra da buceta é minha”, estão praticando autonomia sob seus corpos? “Na minha interpretação é isso, dizer que a buceta é dela é mais do que só dizer ‘que ela dá pra quem ela quer’ e o corpo como nossa unidade, como sujeito no mundo é a coisa mais importante, o que gente tem de mais de imediato é o nosso corpo”, analisa Conceição.
A respeito da polêmica com setores que não enxergam nuances feministas nas performances das cantoras do funk, Conceição não se furta do debate e levanta um questionamento interessante. “Pra mim, sempre que pensei em feminismo, seria algo para garantir a minha liberdade, mas para isso tenho que me livrar do trabalho doméstico e o que a maioria das feministas faz? Pagam outras mulheres, normalmente negras, para fazer o trabalho doméstico que elas não fazem. Então, de certa forma, a liberdade dela não é plena, a liberdade dela está calcada em cima do trabalho de alguém”, comenta a pedagoga.
Revista Fórum – De onde surgiu a ideia de escrever o artigo “Só Mina Cruel”?
Jaqueline Conceição - Escrevi esse artigo pra publicá-lo num evento científico que aconteceu em Marília (SP) no ano passado. Eu queria discutir a questão do feminismo, mas não queria ficar presa à questão da academia. E, na rua de casa, tinha muito pancadão e aquilo me chamava a atenção, foi daí que surgiu a ideia de fazer esse artigo.
Fórum – De que maneira você relaciona a questão do funk e do feminismo?
Conceição – O funk mobiliza as meninas a pensarem em uma apropriação maior do seu corpo e isso está muito próximo daquilo que as feministas vêm discutindo: o direito ao corpo, ao espaço, ao prazer, da valorização da mulher enquanto sujeito histórico. E na medida em que as meninas que cantam o funk vão protagonizando cada vez mais o cenário cultural, vão também se apropriando de um contexto histórico.
Fórum – O funk é um espaço predominantemente masculino. Acredita que com a ascensão de cantoras e grupos femininos o espaço do funk se torna mais feminino?
Conceição – Na verdade, acho há uma disputa, mas não uma disputa no sentido formal, e sim dentro das relações sociais, que é um campo de extensão, e isso como em qualquer outro campo social. Na medida em que as mulheres vão se construindo enquanto mediadoras, produtoras, consumidoras e cantoras de funk, vão disputando com os homens esse espaço que está posto.
Fórum – Dá pra falar de um empoderamento da mulher no funk?
Conceição – Dá pra pensar em um empoderamento da mulher a partir do funk, inclusive porque o funk abre um debate. Por exemplo, eu estava na sala de aula com os alunos discutindo sexualidade e nós estávamos falando da questão do colo do útero, uma coisa muito pontual e informativa de escola. E um menino falou para uma menina: ‘mas você não se masturba?’, e a menina fez uma cara de desesperada e ela ‘não’, e o menino: ‘mas você tem que se tocar… Assim, pega o espelho, coloca lá e olha’. Na minha geração isso jamais aconteceria e pra mim isso é o advento do funk, ele traz isso à tona e para os jovens que estão em formação é inaceitável que uma mulher não sinta prazer. Isso o funk traz, essa coisa da masturbação, e ele traz um debate que, talvez, na minha geração a gente não tinha o acesso que eles têm hoje.
Fórum – Quando pegamos a frase “a porra da buceta é minha”, podemos dizer que são as meninas dizendo: o corpo é meu e faço o que eu quero?
Conceição – Na minha interpretação é isso, dizer que a buceta é dela é mais do que só dizer ‘que ela dá pra quem ela quer’ e o corpo como nossa unidade, como sujeito no mundo, é coisa mais importante, o que gente tem de mais de imediato é o nosso corpo. Para uma mulher, numa sociedade como a brasileira que controla o processo reprodutivo, que controla o padrão de como ela deve se vestir, falar e como deve ser, legitimar a posse do corpo e dizer que é dela, é um empoderamento sim.
Fórum – Temos alguns setores feministas que discordam dessa tese. O que pensa disso?
Conceição – O funk ele é o que ele é. Ele nem só liberta, e nem só aprisiona. Como qualquer produto cultural da sociedade em que a gente vive, uma sociedade massificada, consumidora, onde a própria cultura é mediada pela indústria, o funk é um produto que foi criado e que está sendo consumido, hoje, em grande escala e que ele pode tanto libertar quanto aprisionar.
Por exemplo: pra mim, sempre que pensei em feminismo, seria algo para garantir a minha liberdade, mas para isso tenho que me livrar do trabalho doméstico e o que a maioria das feministas faz? Pagam outras mulheres, normalmente negras, para fazer o trabalho doméstico que elas não fazem. Então, de certa forma, a liberdade dela não é plena, a liberdade dela está calcada em cima do trabalho de alguém. Mesmo sendo uma relação de trabalho, não deixa de ser um trabalho desvalorizado, um trabalho que não é reconhecido e que as próprias feministas desconsideram, que é o trabalho doméstico. É a mesma coisa o funk. Ele traz uma liberdade por que possibilita uma discussão maior sobre a questão do corpo e de lidar com o papel da mulher, mas, como ele está dentro de uma lógica machista, acaba reproduzindo o machismo. O mesmo ocorre com o trabalho doméstico, numa sociedade machista, cabe à mulher fazer o trabalho doméstico. É uma tensão que está posta.
Fórum – Acredita que a vestimenta das cantoras de funk representa o desejo da hierarquia masculina?
Conceição – Totalmente, reforça. Aí é que está o xis da questão. Costumo dizer que o desejo é socialmente construído, a própria concepção do que é “prazer” para nós, mulheres, muito provavelmente foi construído e mediado pelos homens. Quando uma mulher diz que tem vários parceiros, ou que gosta de levar tapa na cara, ou gosta de chupar isso e aquilo, o que a gente tem que perguntar é: ela faz por que é legítimo pra ela ou está reproduzindo aquilo que foi ensinado sobre como deve ser comportar?
Mas quero fazer uma observação sobre algo que sempre me pego pensando. Se por um lado a gente tem um boom de informação pra juventude e eles têm acesso a uma série de coisas, por outro lado a questão da sexualidade ainda é um tabu. Nem a família nem a escola discutem como tem que ser discutido. Essa geração de jovens que consome funk e que tem de 15 a 20 anos, a formação sexual deles provavelmente foi mediada pela pornografia, e a pornografia é repleta de violência. A forma como a pornografia concebe a relação sexual e a sexualidade é violenta.
Muito provavelmente nas músicas eles reproduzem essa formação que tiveram, mediada pela violência.
Fórum – Agora, tem uma questão que é a seguinte: quando um homem canta que “comeu” de várias maneiras, tudo bem. Mas, se a mulher canta que deu pra vários, causa um choque. Isso está inserido num machismo cultural histórico, não?
Conceição – Quando fui fazer a pesquisa entrei justamente na questão de gênero. Não tinha segurança pra dizer que era só machismo, ou só libertário. Tinha a dúvida se não estava no meio dos dois caminhos e no final cheguei à conclusão de que é as duas coisas, às vezes ao mesmo tempo, e às vezes em oposição.
Tem uma música do Catra que ele canta “mama eu”, alguma coisa relacionada ao sexo oral, e na música ele incentiva as meninas a fazerem o sexo oral e a receberem o sexo oral. Durante um show, as meninas cantavam num coro, num frenesi. Em uma sociedade como a nossa, que vive sob um tabu sexual, estar na companhia de outros jovens e poder expressar a sua sexualidade sem que ninguém fique falando pra você, é de fato algo libertador. E como eu disse no exemplo na sala de aula, isso abre precedente para outras coisas, para uma outra geração de homem que vai ter outro olhar sobre o prazer da mulher. Pode ser que ele não seja um olhar emancipador, mas já é um olhar para a emancipação.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Maria da Penha: um símbolo da luta pelos direitos da mulher

Descrição para cegos: retrato de perfil de Maria da Penha.
Violência doméstica também é questão de gênero. Em 2014 a Leia Maria da Penha completa oito anos com conquistas em favor da mulher. A lei não acabou com a violência, mas permitiu a conquista de vários direitos. Para falar sobre isso, escrevi uma matéria com uma breve biografia e histórico sobre a mulher que deu nome à lei. Em seguida, fiz um breve levantamento do mapa da violência doméstica no país.

A cearense que dá o nome à lei que protege as mulheres contra a violência doméstica lutou por quase vinte anos por justiça. Ela representa a luta de várias gerações que buscam por respeito, igualdade e por direitos, entre eles, o direito de não ser agredidas em seus lares. Sua luta foi motivada por uma tragédia pessoal ocorrida quando ela tinha 38 anos de idade. A partir desse fato, sua vida se modificou completamente, Penha vivia agora em nome de uma causa: a eliminação de todas as formas de violência contra a mulher.
Em 1983, a farmacêutica Maria da Penha recebeu um tiro de seu marido, Marco Antônio Viveiros, professor universitário, enquanto dormia. Como sequela, perdeu os movimentos das pernas e se viu presa em uma cadeira de rodas. Seu marido tentou acobertar o crime, afirmando que o disparo havia sido cometido por um ladrão.
Após um longo período no hospital, a farmacêutica retornou para casa, onde mais sofrimento lhe aguardava. Seu marido a manteve presa dentro de casa, iniciando-se uma série de agressões. Por fim, uma nova tentativa de assassinato, desta vez por eletrocução, que a levou a buscar ajuda da família. Com uma autorização judicial, conseguiu deixar a casa em companhia das três filhas. Maria da Penha ficou paraplégica.
Já em 1984, Penha iniciou uma longa batalha por justiça e por segurança. Seu marido foi julgado sete anos após o crime, considerado culpado e recebeu pena de 15 anos de reclusão. Entretanto, a defesa apelou e a sentença foi anulada no ano seguinte. Só após um novo julgamento, em 1996, o ex-marido foi condenado novamente, desta vez a 10 anos de prisão, porém, ficou apenas dois anos preso em regime fechado.
A partir deste fato, o Centro pela Justiça pelo Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-Americano de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), juntamente com a vítima Maria da Penha, formalizaram uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), órgão Internacional responsável pelo arquivamento de comunicações decorrentes de violação de acordos internacionais.
Todo esse processo da OEA condenou o Brasil por negligência e omissão em relação à violência doméstica. Uma das punições foi a recomendações para que fosse criada uma legislação adequada a esse tipo de violência. E esta foi a sementinha para a criação da lei. Um conjunto de entidades então se reuniu para elaborar um anti-projeto de lei definindo formas de violência doméstica e familiar contra as mulheres e estabelecendo mecanismos para prevenir e reduzir este tipo de violência, como também prestar assistência às vítimas.
À Lei
Sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, a introdução da lei diz “Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências”.
Em setembro de 2006 a lei 11.340/06 a lei finalmente entrou em vigor, fazendo com que a violência contra a mulher deixasse de ser tratada com um crime de menos potencial ofensivo. A lei também acaba com as penas pagas em cestas básicas ou multas, e passa a englobar, além da violência física e sexual, a violência psicológica, a violência patrimonial e o assédio moral.
Atualmente, o principal canal de denúncias relativas à violência doméstica é o Ligue 180, que pode ser contatado gratuitamente. As atendentes são treinadas para orientar as mulheres para os órgãos mais adequados às suas situações. Desde que foi criada, em 2005, a linha já recebeu mais de 2 milhões de ligações, incluindo denúncias e pedidos de informação.
Hoje, após oito anos da lei em vigor, o Brasil avançou no quesito legislação, entretanto, segundo um levamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), o percentual de mulheres que são agredidas física ou sexualmente pelos seus parceiros no país gira em torno de 34%, ocupando o sétimo lugar ranking mundial em número de mulheres assassinadas.
Histórico
Para fazer o levantamento histórico relacionado ao tema discutido, utilizamos a pesquisa realizada pelo FLASCO Brasil, que foi liderada pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, formado em sociologia pela Universidade de Buenos Aires. Julio é Coordenador Regional da UNESCO no Estado de Pernambuco e Coordenador de Pesquisa e Avaliação e do setor de Desenvolvimento Social da mesma instituição. Coordenador do Mapa da Violência no Brasil. Atualmente é Coordenador da Área Estudos sobre a Violência da FLACSO Brasil.
De acordo com o Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (CEBELA), nos últimos trinta anos, cerca de 92 mil mulheres foram assassinadas no país, 43.7 mil só na ultima década. O número de mortes para cada grupo de 100 mil mulheres passou de 1.353 em 1980, para 4.465 em 2010, o que representa um aumento de 230% do número de homicídios femininos no Brasil. A faixa de idade das vítimas está entre 15 a 29 anos de idade, com maior incidência no intervalo dos 20 aos 29.
Segundo a pesquisa, as armas de fogo continuam sendo o principal instrumento utilizado nos homicídios, tanto feminino como nos masculinos, só que em proporções diferentes. Por exemplo, nos masculinos, representam ¾ dos crimes, enquanto nos femininos pouco menos da metade. Já outros meios além das armas, que exigem contato direto, como utilização de objetos cortantes, penetrantes, contundentes, sufocação etc., são mais expressivos quando se trata de violência contra a mulher, o que pode ser indicativo de maior incidência de violência passional.
Tabela: Meios utilizados nos homicídios masculinos e femininos (em %). Brasil, 2010.
Meio
Homens%
Mulheres%
Arma de Fogo
72,4
49,2
Objeto cortante/penetrante
15,1
25,8
Objeto Contundente
5,3
8,5
Estrangulamento
1,0
5,7
Outros Meios
6,0
10,8
Outra informação que, de certo modo, deixa clara a passionalidade (da maioria) dos crimes são os locais desses incidentes. No caso dos homens, 14.3% acontecem em suas residências, já com as mulheres, esse número eleva-se para 41%. (Rodrigo Andrade)